Já reparou como somos limitados ao tempo? Não podemos mudar o que passou tampouco prever como será o amanhã, enfim, o hoje é o que nos cabe. Desta forma posso dizer que em um contexto geral hoje – para mim - está sendo um dever simbólico me expressar em palavras, quase que como um agradecimento aos acontecimentos que tive ao longo do ano, aos deveres éticos, às condutas morais, às pessoas que passaram, ficaram ou se foram, aos ideais alcançados, aos sorrisos dispersos e tão almejados, aos momentos mais sinceros, aos olhares lacrimejantes, mas principalmente, à vida que me deu mais uma chance de viver (...)
Percebo então certa graça nas percepções que permanecem, se transformam ou simplesmente deixam de existir e é inevitável não questionar nem que por um segundo a vontade humana em compreender alguns atos temporais, e me enquadro nisso, vejo então que somos comovidos pelo tempo talvez porque tenhamos uma capacidade quase que surreal de esperar por mudanças, de ter esperança, de sentir-se em paz.
Mesmo que inconscientemente muitos procurem ao longo da vida por ideais que os motivem, numa necessidade gritante, às vezes até sufocante e a meu ver simbólico, somos o que acreditamos, procuramos por algo maior que possamos pertencer, mas não aceitamos às vezes esta certeza de crença no que nos defina enquanto um ser jogado ao nada, ou como diria Merleau-Ponty “viver no mundo e para o mundo” é quase que uma obrigação, numa busca por identidade dentro de um sistema social inquietante, devemos então ser fortes dentre tantas enfermidades morais e provocações à alma.
A serenidade deste modo se torna inerente aos fatos que nos impulsionam a ter, nem que ao menos uma fagulha do que somos capazes de ser, procurando o que nos anima: o corpo, o coração, o pensamento, a alma, percebemos que o mundo não nos espera como queremos, ele é simplesmente o que é, e quase sem querer nos adaptamos a ele, pois compreendemos, lá no fundinho do peito, esta realidade, digo o mundo não como planeta Terra com pragmáticos ecossistemas, mas como provocador de uma existência válida, única e extremamente significativa.
O que simboliza então tais buscas é o valor, para uns monetário simplesmente, para outros sentimentais, e outros tantos mais, mas para mim os valores de fato são aqueles que são capazes de construir ideologias existenciais que provoquem a nossa felicidade, valores reais duram então o tempo que for necessário para termos consciência do que e de quem somos.
Poemas, textos, frases, nada disso é capaz de simbolizar estes tais valores desta época nostálgica, porque são mutáveis também, como nós, como nossas percepções, como nossas vontades, como nossos sentimentos e por isso acredito em palavras únicas, de uma vida inteira, transformadoras e capazes de nos ajudar nesta busca por identidade.
Muitos dizem nesta época do ano terem a esperança como palavra de vida e dadas as repetições de todos os anos sequencialmente acho que é de fato, outras já utilizam fé, sorte, alegria, amor, saúde, etc. neste mesmo patamar. Fico feliz em dizer que encontrei somente neste ano, e a anos procurando, a minha palavra de vida, meio aos “trancos e barrancos”, procurando por portas secretas em becos sem saída, eis que surge a RESILIÊNCIA (do latim resiliens) e só tenho uma coisa a mais a dizer: fico feliz com isso e espero que encontrem também a sua palavra e se não encontrarem prometo que divido a minha porque saber o que se é de fato, seus valores, suas crenças, nos dá identidade para enfrentar o mundo, nos fortalecendo e nos impulsionando para um belíssimo amanhã.
Desejo então que bons ventos tragam a todos os que carrego no peito muitas motivações de vida, muitos sorrisos sinceros, muito amor em forma de paz, mas principalmente uma palavra que os caracterize para viver plenamente esta existência!