Gosto de imaginar que a cada dia após a data de um aniversário o ano realmente se inicia na vida de uma pessoa, não necessariamente como um ciclo no sentido de término e início de algo novo que preserva uma rotina ou meramente estampa diante de nossos olhos um amanhã simplesmente, mas como um círculo que não possui fim, apenas um sutil caminho a se seguir e uma contemplação de algo que se renova a cada instante.
Cada dia exprime portanto, consigo um novo amanhecer de possibilidades, como se a cada manhã levantássemos e estivéssemos realmente preparados para encher balões vazios, os quais ganhamos lá no tal primeiro dia quando nascemos e em todos os outros anos exatamente no dia do nosso "apurar de um novo ano". Balões vazios porque realmente enchemo-nos de "anima" a partir do momento que nos permitimos tal feito.
Logo, cada novo ano, ao meu ver, deve ser iniciado com um crédito de 365 balões de aniversário, todos coloridos, para que a cada dia, dependendo da nossa real disposição de viver e não meramente existir, possamos escolher a cor que melhor nos defina naquele dia, encher o balão respectivo e quando se for dormir estourá-lo a fim de que se possa substituí-lo no outro dia por um novo balão.
Em dias ruins deve-se encher balões cinzas, brancos, neutros; em dias péssimos de perda profunda,os pretos; mas prioritariamente que em mais de 300 sejam os amarelos, vermelhos, laranjas, verdes, azuis e lilás, para que uma nova expectativa de alegria se torne presente, para que se possa realmente ao final de um dia poder dizer tranquilamente: "OBRIGADA!, seja a quem for, seja a si próprio e se assim surgir amor de fato, mas não este no sentido de prisão corporal e sim amor em essência de contrariedade ao egoísmo, em altruísmo e doação do seu próprio ser para si e para o mundo".
Assim amanhecerá novos dias repletos de almejos sim, mas ainda caminhantes e como diria um certo filósofo aí sobre a tal utopia, afinal é ela que nos mantém itinerantes, não da vida dos outros mas da nossa própria vida, infinita até o último suspiro.
Afinal, a idade está e sempre esteve na mente que se torna presente a cada estação e que na velhice aparece ao corpo apenas para impedir a solidão e lembrar-nos que viver é a maior dávida que o universo poderia nos dar. Para isto o grande filósofo Confúcio nos proporciona uma indagação inquietante: "Qual seria a sua idade se não soubesse quantos anos você tem?".
Solitude de fato inicia-se com a maturidade da vida, com os estouros dos balões que a cada crepúsculo foram realizados nem que metaforicamente, não necessariamente os anos que nos provocam nostalgia perante o passado ou ansiedade diante do futuro, pois a serenidade, aquela capaz de nos contagiar a cada instante, vem pelo amanhecer e tráz consigo a esperança de algo melhor que nos virá.
Tu verás! =)